O que é Alta Sensibilidade?

10 jan O que é Alta Sensibilidade?

A alta sensibilidade é uma característica de carácter que compreende 20% da população (dos quais 30% são extrovertidos e 70% são introvertidos). Os restantes 80% são pessoas moderadamente sensíveis ou pouco sensíveis.

Este traço de carácter é inato e não pode ser alterado. Ainda pouco conhecida até hoje, esta característica pode levar os indivíduos a viver com a dor de se sentirem incompreendidos, porque o seu funcionamento é totalmente diferente do dos outros.

De facto, esta sensibilidade extrema, não sendo compreendida, pode trazer perturbações, tanto na educação da pessoa como na sua vida em sociedade. A pessoa altamente sensível (PAS) é frequentemente censurada, ignorada, esmagada e rotulada.

Efetivamente, a PAS pode estar sujeita a ouvir com frequência da parte dos outros :

– “És demasiado emocional”

– “Levas tudo a peito”.

– “Tu és demasiado sensível

– “Dormes demasiado na tua idade”.

– “És demasiado tímido”.

A PAS pode ela mesma pensar de si própria:

– “Estou sempre cansada”

– “Sou demasiado sensível para viver neste mundo”.

– “Sinto-me encurralada pelas exigências dos outros”.

– “Será que valho mesmo a pena?

Infelizmente, este mesmo mal-entendido leva a PAS a considerar-se anormal e, portanto, a sentir-se por vezes patologicamente instável e a sofrer de patologias como Borderline, Autismo (Síndrome de Asperger) e outras…

Na realidade, porém, a PAS é dotada de uma enorme capacidade de sentir o que os outros não sentem e de perceber o que os outros não percebem. Os cinco sentidos (ou seja, 80% do estímulo sensorial é através da visão) estão muito mais desenvolvidos (sensíveis). Além disso, também neste se desenvolve um sexto sentido, que é o da intuição.

De facto, o seu cérebro tem o poder de armazenar e classificar várias informações ao mesmo tempo, o que levará a PAS a ser muito mais estimulada. O stress, bem como os estímulos externos (ruídos, cheiros, temperaturas, multidões, etc.) e internos (sentimentos de fome, sede, sexualidade, etc.), tornam-se hiperestimuladores para a PAS, o que leva a reacções excessivas tais como fadiga extrema, uma emoção que parece exagerada mas que está de acordo com os seus sentimentos, um coração acelerado, lapsos de memória, uma perda total de auto-controlo, etc. Sem esquecer que tem uma grande memória a longo prazo, que o leva a analisar no momento presente os porquês e as origens do passado, e depois a desenvolver o seu instinto para melhor perceber o futuro.

Todas as PAS podem viver bem com a sua sensibilidade. Acima de tudo, elas têm o direito de serem  sensíveis e de se sentirem bem com isso, mesmo que a educação desempenhe um grande papel na gestão desta característica. Aprende a ouvir-te e assim estabelecer os teus limites. Liberta a alta sensibilidade de qualquer julgamento, seja interno ou externo; vê-la como algo positivo e não apenas como uma “presa” numa sociedade onde 80% são muito menos sensíveis.

Além disso, está provado que quanto mais sensível for uma pessoa, mais provável é que ela seja muito inteligente. Assim, a PAS é diferente e deve ser considerado pelo seu verdadeiro valor.

Paulo Ferreira